terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Histórias para Contar nº 2: "A Existência de uma Sociedade Feliz".



Histórias Para Contar Nº 2


“A Existência de uma Sociedade Feliz”




1ª Parte


O início deste tema começa com esta pergunta:

- Você acredita na existência de uma sociedade feliz, sem problemas com os quais o mundo vive hoje?


Vamos responder também esta pergunta, mas com uma história que iremos lhes contar:

Era uma vez um cabeleireiro que se chamava Jairo.


Ele possuía um salão de cabeleireiros unissex, com muitos funcionários e a casa estava sempre lotada. Ele fazia também corte de cabelos, penteados, tinturas e outras atividades a fins.
Recebia os mais diversos clientes e o seu salão era até ponto de encontro para conversas entre clientes.
Os assuntos eram os mais variados possíveis e iam desde a política, futebol e mulheres para os homens e as mulheres sempre comentavam sobre a moda, compras, viagens e empregados insatisfeitos no trabalho doméstico.


Os temas sempre tinham uma conotação de críticas, reclamações, invejas, excessos de poder, humilhação aos menos afortunados, levando o círculo todo reunido, a um estado de raiva, rancor e ódio pelo governo, sociedade, país, mundo e até chegar a Deus que era o culpado de tudo e se não fosse, tinha certa culpa de deixarmos viver neste mundo de loucos.

Acontece que Jairo, o cabeleireiro, que servia a todos e sempre preocupado com seus afazeres, não participava dos comentários, somente ouvia, era obrigado a engolir tudo o que falavam, pois a sua clientela é que pagava o seu salário.
Entretanto, ele não gostava destas conversas e o ambiente tornava-se muito tumultuado deixando-o com dores de cabeça constantes no final da tarde.


E quando todos os seus clientes e funcionários iam embora, sentava numa poltrona, colocava uma música bem suave, tomava seu café com pouco açúcar, tranquilo, e ao lado de uma janela vislumbrava a noite, a rua, as pessoas apressadas para voltar logo para suas casas. Divagava em seus pensamentos olhando para o céu, vendo as estrelas cintilantes e aí começava a sonhar...



E sonhava com assuntos melhores para o seu dia a dia. Ter clientes que não reclamassem de nada, que pudessem trazer a paz e não ficar somente criticando o governo e as pessoas que não são honestas. Há, mas isso era utopia, pois a sociedade como um todo é muito invejosa, não quer que seu semelhante se dê bem na vida, ela quer que seu vizinho ou amigo seja igual a ele: Infeliz!

- E aí, vêem aqui para cortar o cabelo e jogam fora todo o lixo que possuem dentro de si, contaminando o ambiente e as pessoas, pensei.
- Puxa vida! Que vida esta!

Mas Jairo, que possuía bom coração e não entrava na onda destas conversas. Fixou-se bem numa estrela que lhe cativou sua visão e começou a olhar somente para ela, como que talvez ele perguntasse se tudo aquilo poderia ter uma solução para sua insatisfação.
Voltou os seus olhos para baixo e viu a casa da frente do outro lado da rua. Era uma casa grande, bonita, com entrada suntuosa, com muitos jardins, com plantas, flores e árvores, muito bem decoradas.

Sentindo profundamente aquela aspiração de que estava numa profissão errada. Possuía o maior carinho pelas plantas, pelos jardins, pelas flores que sempre decorava salão de beleza.

- Ah! Como seria feliz se pudesse voltar atrás e mudar de profissão. Hoje poderia ter uma floricultura, ou uma casa de decoração de áreas verdes e arrumação de plantas em vasos que está muito na moda, não é mesmo?
Como esta casa que estou vendo...

E desanimado, retornou seus olho para aquela estrela que o tinha cativado e pensou mais uma vez que não tinha mais jeito. Já estava muito tempo trabalhando como cabeleireiro, já possuía apegos diversos e não poderia mais nem sonhar em mudar de vida...

Entretanto, algo lhe aconteceu naquele instante, sentiu que a estrela, lá no céu, aumentava de tamanho e intensidade e seu brilho era intermitente, ora mais claro, ora mais escuro e imediatamente em seus pensamentos foram lhe aparecendo como tivesse ligado um rádio na freqüência FM. O assunto do rádio dizia o seguinte:

- “Irmão, não esmoreça, procure seu caminho, deixe fluir esta vontade que tem dentro do peito, siga seu coração. Você encontrará o que quer. Não desista”.

E Jairo, tomando conta de si, voltando-se para dentro do seu salão, olhando para um espelho disse:
- Estou ficando maluco? Estou escutando vozes? O que está acontecendo comigo?



Naquela noite, Jairo fechou todo o salão e foi para sua casa pensativo.


2ª Parte

- O que aquela voz quis dizer que seguisse meu coração, deixasse fluir minha vontade e que encontraria o que queria ter? Comentava Jairo.
Será porque estou insatisfeito com meus clientes e desejo uma floricultura? Nossa, é muita doideira! Sonhei muito alto hoje... Fui longe demais.

Os tempos passaram e Jairo aparentava ter uma mudança de comportamento. Inicialmente começou a colocar cartazes no salão que não se podia fumar por ser ambiente fechado. Aumentou os preços para elitizar mais o salão e começou a ficar mais irritado com sua clientela. A clientela, por sua vez, começou a ir embora e não retornar mais.
Mas tinha alguns grupos que ainda frequentavam o cabeleireiro que não olhavam para o preço dos serviços e até gostaram das novas medidas, apoiando o Jairo, pois agora podiam estar mais a vontade e criticar mais as pessoas e o mundo que viviam.


Jairo começou a ter problemas emocionais. Perdia a calma constantemente. Já não almoçava mais, pois sentia dores no estomago e nos finais de tarde começavam aquelas dores de cabeça intermináveis. Foi ao médico, fez exames e o resultado foram remédios para combater o stress e sugeriram a parar tudo e sair de férias.

- Férias! Mas como? Deixar tudo isto para quem? Para o gerente?  Para me roubar? O serviço depende de mim. Os funcionários dependem de mim, os clientes também.

-Sair daqui não dá não. Comentava Jairo.


3ª Parte


Naquela semana aconteceu algo de extraordinário.
Surgiu uma nova cliente que fora cortar seu cabelo e Jairo atendeu com a costumeira boa vontade e carisma que tinha.

A moça se chamava Fátima. Manteve contato em outras vezes que freqüentava. Fizeram certa amizade ali no salão. Jairo gostava dela, pois notou que Fátima era uma mulher diferente das demais. Não fofocava, não falava mal da vida dos outros e dificilmente comentava sobre política ou sobre a situação crítica por quem passava nosso povo, apenas dizia que a crise estava na cabeça das pessoas, que as situações estavam deste jeito porque as pessoas não amavam a si próprias e que o mal estava dentro de cada coração humano que se espalhava na medida de suas imperfeições e que haveria sim um dia meio de alterar este processo vicioso da sociedade ficar criticando tudo e a todos. Ela acreditava num outro mundo de paz, amor e felicidade.

E o Jairo... Bem, o Jairo depois destas verdades, sentava em sua poltrona, olhava para sua estrela favorita após o expediente e conversava longamente com ela.

- Puxa vida! Tem pessoas diferentes aqui no salão.
- Ah Fátima, como você é espetacular! Que filosofia de vida! Seu ar sereno, tranquilo, que transmite tanto a paz, que preciso para enfrentar esta clientela que não aguento.

- Que será que ela faz? Em que trabalha? Da próxima vez eu pergunto.


4ª Parte


O tempo foi passando e o cabeleireiro foi ficando cada vez menos cheio. Jairo começou a despedir os funcionários, diminuiu os preços para ver se aumentava a clientela, mas parece que a crise bateu em sua porta.
Se ele estava com stress, agora ficou com depressão, pois o negócio que ele começou a odiar estava indo mal e sua saúde começou a debilitar. Tinha úlceras no estomago, o sistema nervoso abalado e com miopia, aumentando seu grau, usando óculos corretivos.
Em um determinado dia, sua cliente predileta voltou ao salão para novamente cortar seu cabelo e fazer as unhas, sendo atendida prontamente pelo Jairo.

Ele mais que aflito, perguntou o que ela fazia para viver.
Foi aí que ela disse que possuía uma floricultura de arranjos florais e decoração de festas em geral e tinha um local, um ponto de venda de flores que era seu espaço de trabalho. E convidou o Jairo a conhecê-lo.

Ele mais que depressa aceitou o convite, pois era tudo que ele ter na vida.
Mas era impossível este sonho.

E Jairo no dia seguinte foi até a floricultura.


5ª Parte


Este foi o melhor dia de sua vida, pois gostou de tudo do local, da decoração, das plantas, flores, dos arranjos que fazia e perguntou como tinha tanta inspiração para fazer tantos arranjos lindos, harmoniosos. E as flores? Que cores bonitas! Que perfeição! Ela respondendo:

- A inspiração que tenho para fazer estes arranjos é ser feliz. Faço tudo com amor e carinho. Converso com as minhas plantas, trato pessoalmente de todas e sinto que sou correspondida, pois elas desabrocham e exalam um perfume no ambiente que permanece todos os dias perfumados.

Aí Jairo perguntou:

- Mas e o pessoal que vem aqui não falam mal do governo, não fumam, e não ficam criticando as coisas por aí?

- Não, os clientes quando entram na loja, parece que ficam hipnotizados pela beleza das plantas e o aroma faz com que permaneçam calmos tranqüilos e não querem fumar, pois sabem que as plantas não gostam da fumaça. Comentou Fátima.

- E você não lê jornais, não vê televisão, o telejornal, dando as notícias trágicas do dia?Comentou Jairo.

- Veja bem, se procurarmos encontrar desgraças, certamente as acharemos, pois neste mundo imperfeito que vivemos, a predominância do mal é marcante. Entretanto, se procurarmos ver as coisas boas da vida, olhar para a parte positiva das pessoas e não criticá-las quando erram, auxiliando quando é preciso e quando querem ser ajudadas, teremos outra visão. Procurar ter amor em tudo que faz você enxergará um mundo novo dentro e fora de você.
As pessoas te procuram sorridentes, pois você oferece amor das plantas que foram cuidadas com amor. Comentou Fátima.
- Mas você não tem dó de vender estas plantas que com tanto carinho, fez crescê-las, das flores exuberantes para depois vender? Comentou Jairo.

- Meu bom amigo, existe uma coisa que possuímos dentro de nós e não sabemos: É o Apego. Apegamos a tudo que temos. As coisas, os bens materiais, as pessoas, os status, os cargos, os nomes de família, os títulos e temo ciúmes também. Todas estas coisas nos ferem quando temos apegos e postos à prova. Sentimos proprietários de tudo e não queremos dividir com as pessoas quando na verdade tudo que está à nossa disposição, também está à disposição de outras pessoas. Hoje, podemos ter tudo isto, amanhã talvez não tenhamos nada.

- E aí, como ficamos sem nada disto?

Precisamos começar a soltar de tudo que nos prende para sermos pessoas livres como pássaros que voam em qualquer direção e pousam em qualquer árvore, cantam para si próprios e para a fêmea que procura. E a sua liberdade dentro de seu padrão de vida é alcançada.

- Puxa vida! Não tinha percebido como a vida é tão bonita vendo por este lado. Comentou Jairo.

- Acho que meus clientes devem comprar pelo menos uma dúzia de flores de sua floricultura e levarem para casa. Sabe, eu me lembrei de uma coisa, comentou Jairo:

- Gosto muito de plantas e flores e adoraria mudar de vida, mas acredito que não tenho mais jeito para a coisa, já estou ficando coroa e além do mais tenho o melhor negócio do ramo, que é o ponto de encontro das pessoas mais chatas que conheço, pois ficam criticando tudo e a todos e usam o cabeleireiro para isto.
Mas o que quero dizer que me lembrei de uma coisa boa:
Toda semana vou a um centro espírita tomar passe, melhorar minhas energias e buscar alento para meus problemas que já estão refletindo na minha saúde e quando saio de lá compro flores embrulhadas num maço de jornal. Levo para casa, coloco num vaso e contemplo sua beleza. E sabe de uma coisa, acredite se quiser, estas plantas duram mais de 2 semanas para murcharem!!!
O que ocorre? Será que o local onde compro é abençoado por Deus?

- Veja meu bom amigo, comentou Fátima:

 “Toda a energia vem de Deus, pois tudo e todos são Dele. E tudo vem e volta para Ele. O Tudo está dentro do Todo. Nada está fora. E o nada também é o Todo”.

O Todo é tudo e Tudo é do todo. O amor flui através de tudo no universo. Fomos feitos e criados com amor divino, como também as plantas, os animais, minerais e o restante da natureza. Mas Deus nos deu uma parcela muito grande de participação no universo. Nós somos deuses também. O que quisermos ser, nós seremos... É só uma questão de tempo. Através do livre arbítrio escolhemos nossas vidas, nossas profissões, nossos cônjuges, nosso trabalho. E também Deus nos dá a oportunidade de errarmos e continuarmos nossa jornada evolutiva buscando sempre o saber da experiência.

 O dia que soubermos de tudo, não erraremos mais. Saberemos que para vivermos neste planeta, como em qualquer outro, em sociedade, pois a lei é universal, teremos que ter amor em nosso coração, devemos deixar fluir este sentimento tão puro, pois o amor é contagiante, quando se é feliz. O nosso corpo fica radiante em luz possuindo saúde e exala um magnetismo igual das plantas. Note que o reino vegetal é o que melhor cumpre seu papel no mundo perante as leis divinas no caminho da evolução.

- Você deve ter motivação para o que for fazer bem feito que seja, disse Fátima.


6ª Parte
E continuando:

- Agora volte para seu cabeleireiro. Eles precisam de seu amor, de sua dedicação.
E os clientes de seu magnetismo, de seu astral, de seu pensamento positivo, de que as coisas e o mundo têm jeito sim e passa para frente, para outras pessoas. Você acredita sim num mundo melhor sem violência, sem maldades, sem maledicência, sem ódio, sem rancor, e com a justiça do Pai que não nos desampara nunca e haverá um dia em que todos sorriremos para todos os nossos irmãos e trataremos a todos com a mesma importância, justiça e lealdade. E não teremos mais o medo de enxergarmos com a nossa miopia de hoje, teremos a segurança, o equilíbrio e a paz que tanto almejamos. Basta apenas seguirmos as leis universais que nos conduz ou nos retorna a Deus. Devemos amar a Deus como o maior mandamento e ao próximo como a nós mesmos. Este resume toda a Lei Universal.
Vá com Deus, meu caro e bom amigo Jairo, procure envolver a todos num clima novo de muita Paz, Amor e Felicidade. E a sua saúde estará restabelecida. Já estará fazendo a sua caridade.

- Muito obrigado minha querida amiga, comentou Jairo extasiado. Mas me diga uma coisa, como é que você sabe de tanta coisa boa que nunca havia pensado? Apenas pensei uma vez, quando olhei para o céu e...

-É exatamente isto, comentou Fátima, a boa estrela sussurrou em seus ouvidos, não é mesmo! A minha também aconteceu o mesmo e depois fui descobrindo dentro de mim que para ser feliz, é procurar saber conhecer-se e encontrar a divindade em nossos corações.

Jairo voltou feliz para seu cabeleireiro, confiante naquilo que fora buscar e tinha agora motivos e muita coisa para fazer e mudar se quisesse organizar melhor sua vida.


7ª Parte


Que Deus nosso Criador possa neste momento ter despertado em nossos corações, os sentimentos de Amor, de desapegos e motivados para conseguirmos algo, em busca da nossa felicidade interior, intensificando a melhoria de nossa saúde e finalmente acreditar que no futuro teremos realmente uma sociedade feliz, com muito amor em seus corações.

Que a boa estrela possa nos envolver hoje e sempre.



- E você, acredita numa sociedade feliz?



Um comentário:

Ana Maria disse...

Gostei muito da história,pois define muito bem a realidade de sentimentos que mais dia,menos dia,acaba pegando a todas as pessoas.Sentir amor é muito bom e o verdadeiro amor não dói,não faz sofrer.Quem sente amor espalha alegria e desvia o negativismo ;passa coragem e determinação e muita esperança sempre.
Sentir amor é muito,muito bom.

Parabéns!